sábado, 3 de maio de 2008

Hatoum em Porto Alegre


Foi muito bacana, na semana passada, o bate-papo com Milton Hatoum na Livraria Cultura de Porto Alegre, mediado pelo Luís Augusto Fischer (e que contava na platéia com a presença do Veríssimo). O encontro se deu por ocasião do lançamento do novo livro do escritor amazonense, a novela Órfãos do Eldorado (Ed. Companhia das Letras). Hatoum falou, entre uma porção de coisas, sobre seu processo criativo, caminhos e escolhas literárias, influências iniciais, o encontrar seu próprio estilo e sua própria linguagem, o papel dos mitos na sua narrativa, sobreviver como autor (escrever pelo menos 30 livros, como aconselhava Jorge Amado, para se poder viver de direitos autorais? Complicado...), o tema da Amazônia e de Manaus, tão presentes nas suas obras, e a vontade, agora, de um distanciamento, seguir por outras trilhas.

Confortante, para quem escreve, escutar Hatoum falar da eventual sensação de inutilidade quanto àquilo que se está fazendo, a escrita literária (o mesmo valendo para a escrita ensaística ou acadêmica, diga-se...). Meses e anos de dedicação a algo que para as pessoas é invisível... sensação ingrata de não-trabalho, inatividade. Penso: até que a gestação termine e chegue o tão aguardado e acalentado momento do parto, a publicação, o lançamento; mas então, a perigosa expectativa de algum reconhecimento, seguidamente frustrada. Bem, é claro que Hatoum não foi tão longe (essas não devem ser preocupações de um autor consagrado), sou eu agora que devaneio e remôo pensamentos...

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