A Josué,
que decretou naquela segunda-feira
o dia dos pensamentos fugidios.
que decretou naquela segunda-feira
o dia dos pensamentos fugidios.
Quisera pintar este dia de cores enérgicas. Colorir a manhã de dourado, pincelar a tarde, encarnado. Sacudir o azul cinzento que como poeira assentou, como névoa encobriu o dia de tons melancólicos.
O pensamento é fugidio nesta manhã estranha, manhã sombria. Escorre lento como rio lodoso, parece dar o tempo de pegá-lo de jeito. Vã ilusão, aferrá-lo é impossível.
Quisera pensar pensamentos fortes, pensamentos intensos, pensamentos belos. Quisera fixar a idéia precisa, a forma adequada, o baile harmonioso das letras justas, o som cristalino da fala acurada.
O pensamento é esquivo neste dia de brumas, dia velado. É frágil, movediço, ameaça desertar.
Quisera pintar a manhã de cores sonoras, cores ruidosas. O esmeralda do riso, o laranja do brado, despertando as tentativas do pensar.
Mas tanto esmero é grão malogrado. Flagela o pensamento, todo o juízo mortificado, sob soturno manto sepultado.