terça-feira, 8 de novembro de 2011

Andei lendo...

Nos últimos meses, andei lendo...

Emma, de Jane Austen
O complexo de Portnoy, de Philip Roth
Os tambores silenciosos, de Josué Guimarães
Rastros do verão, de João Gilberto Noll
Um barril de risadas, um vale de lágrimas, de Jules Feiffer
Diário da queda, de Michel Laub
Rumo ao farol, de Virgina Woolf (excelente...)
Ad occhi chiusi, de Gianrico Carofiglio
Escrever é um ato de amor, Josué Guimarães (coleção Autores gaúchos/IEL)
Breve romance de sonho, de Arthur Schnitzler

E estou começando...

O caminho para a liberdade, de Arthur Schnitzler

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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Lançamento na Feira do Livro de Porto Alegre


No próximo domingo, 30 de outubro, às 15 hs, estarei na área infantil (Cais do Porto) da 57a Feira do Livro de Porto Alegre, autografando o meu novo livro infantil, "Corre, Pedro, corre!". Fica o convite! Serei grata pela presença.

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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Escritos no cair da tarde

Os últimos raios de sol despedem-se, os vejo aqui, da janela do quarto, em seu esplendor final. Já nem se derramam mais sobre o campo de trigo, que agora repousa na sombra, agradecido pela trégua, assim imagino. Há pouco caminhei por entre os passeios, o livro na mão, e aproximei-me da cerca, erguendo-me na ponta dos pés, para espiar o efeito leitoso do sol poente sobre o trigo. Então retornei ao meu quarto, pois gosto de refugiar-me do crepúsculo antes que atinja seu ápice e por fim o dia se faça noite, busco proteção da melancolia que invade a terra na medida em que o horizonte desvanece no avançar da escuridão.

Estou distante de casa 500 quilômetros. Distante de meus afetos também. Ainda assim, tenho esse sentimento persistente de sentir-me no meu chão. Não sinto estranha a paisagem, esse território, sua gente, culturas e cultivos. Sinto-me muito próxima. O campo ondulante, a soja, o trigo, o sol dourando o solo e as folhas, o céu do entardecer de um azul pálido e imperturbável, apenas decorado por uma lua cheia de contornos perfeitos, como se tivesse sido desenhada tendo por molde uma moedinha, e recortado o papel branco com esmero extremo, para ser colada enfim a essa imensidão de delicado azul, como a criança que cola uma figura no desenho do caderno, cuidando para fazer tudo bem feito e agradar a professora.

Tudo isso me é familiar, ah, tão familiar, e sentido com tal intensidade, que sinto a memória a dar-me pequenas fisgadas na alma, e o coração palpitante, que ora parece expandir-se a imitar a amplidão do campo, num transbordamento de sensações, ora parece contrair-se abruptamente, como que capturado por uma lembrança remota que se mantivera ocultada da mente. Uma lembrança valiosa, que por muito tempo ficara escondida e só agora, de súbito, emerge das profundezas e se impõe e me envolve e arrebata sem pedir licença. E então tenho um pensamento estranho: que talvez exista um lugar para as lembranças mais valiosas, um espaço sagrado e desconhecido onde se alojam em silêncio as coisas mais queridas, as memórias mais preciosas, os sentimentos mais autênticos, e que são, por isso mesmo, os mais doídos. Para de repente voltar, fazendo recordar... do quê, exatamente? Da nossa essência, penso.

Estando aqui, invade-me a memória do campo da família, onde passava férias na infância, longe dos meus olhos há tantos anos, já esquecido da minha presença e dos devaneios que eu semeava em cada canto. Lugar onde ousei sonhar mais alto, loucamente e corajosamente, tecendo meus desejos mais intensos de menina. A literatura, a palavra lida e escrita. O amor a que eu ansiava, o amor forte, sereno e seguro de si com que sonhava, o amor que... meu Deus, encontrei! A delicadeza do mundo, que eu desejei nas caminhadas pelas coxilhas, delicadeza rara, apenas por vezes encontrada – e então sentida como um pequeno tesouro.

Cresci e não retornei àquele campo que amava e ainda amo. Vivi tantas coisas, mas não deixei de ser aquela menina das férias na fazenda. Olho-me no espelho e vejo a distância que me separa da menina, é inegável, mas me sinto ainda a mesma, a percorrer caminhos de pasto e terra pendurando sonhos nos galhos dos eucaliptos, declamando desejos aos ventos. A literatura não se afastou de mim, ela permaneceu sempre ao meu lado, ou mais que isso, dentro de mim, pulsando forte e constante. O sonho tão acalentado de ser escritora concretiza-se um pouco mais a cada dia. A delicadeza que eu queria que me rodeasse e protegesse... por vezes parece evaporar-se no caos e no ruído da cidade grande. Mas eis que retorna, mostrando que erro na minha melancolia recorrente, que há ainda beleza, respeito, afeto, estima, gentileza.

A delicadeza, esse tesouro raro, eu hoje a encontrei, casada com o amor pelas palavras e pelas histórias. Aqui em Giruá, no extremo noroeste gaúcho, longe de minha casa e dos meus afetos, aqui a delicadeza das pessoas, da paisagem, do ritmo da vida, da melodia da natureza, fez com que me sentisse integrada, repousada, reconciliada comigo. Envolta por eflúvios amorosos e pela mais perfeita – ainda que frágil – paz de espírito.



Letícia Möller
Giruá, 10 de outubro de 2011

Texto gestado durante visita a Giruá como escritora convidada da 3a Semana Literária

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quarta-feira, 6 de julho de 2011

O cinema, a bioética e a ética médica


Noticio o recente lançamento do livro The picture of health: medical ethics and the movies, publicação da Oxford University Press, NY, e organizado pelos Profs. Henri Colt, Silvia Quadrelli e Lester Friedman. A obra reúne 80 ensaios, de autores de diferentes nacionalidades, abordando 80 filmes que retratam variadas questões bioéticas e de ética médica. O livro é destinado sobretudo ao uso em sala de aula, para o ensino de ética médica, mas pode ser apreciado por todos que se interessam pela sétima arte e pelos temas sempre instigantes e complexos da vida e da morte, da saúde e da doença, das pesquisas com seres humanos, da relação médico-paciente, do uso da tecnologia, etc.

Tive a honra de integrar a obra, escrevendo capítulo sobre o belo filme Invasões bárbaras, do diretor canadense Denis Arcand.

O livro pode ser adquirido pelo site da Amazon.

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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Lançamento


Compartilho convite para o lançamento do Dicionário de Mulheres, obra organizada pela historiadora gaúcha e professora aposentada Hilda Agnes Hübner Flores. Ali estou como verbete, junto a milhares de mulheres autoras brasileiras. O evento ocorrerá no Memorial do Rio Grande do Sul, no dia 17 de maio, a partir das 17 hs.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Andei lendo...

Nos últimos meses, andei lendo...

O primo Basílio, do grande Eça
Travessuras da menina má, do Vargas Llosa
Os Getka, da Letícia Wierzschowski
L'estate del cane nero, do Francesco Carofiglio
Um erro emocional, do Cristóvão Tezza
Para ser escritor, do Charles Kiefer
Rabiscos no pensamento, da Helena Hofmeister Martins-Costa

(além de muitos livros infantis!)

E estou lendo agora...

Emma, da Jane Austen

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terça-feira, 15 de março de 2011

Elos

Solitariamente costurando palavras e tecendo versos, a gente não imagina onde nossos rabiscos possam chegar. Às vezes eles alçam voo, cruzam mares, nos trazem uma alegria totalmente imprevista.

Em 2008, por intermédio da poeta paulista Nydia Bonetti, conheci as belíssimas pinturas de Lena Gal. Os retratos femininos feitos por esta artista portuguesa dos Açores emocionaram-me de um jeito raro, e levaram-me a escrever uma singela poesia que intitulei de "feminino insular". Assim travei contato direto com Lena, pessoa amabilíssima, que me presenteou gentilmente com algumas maravilhosas reproduções de suas obras. Três anos depois, Lena conta-me que deu à sua exposição mais recente o nome de Feminino Insular, incluindo meus versos no catálogo. A alegria e a honra que sinto são inexprimíveis... Lena, obrigada!

A poesia foi publicada aqui no blog. Para ler, clicar aqui.

sábado, 12 de março de 2011

Novo blog

Tenho agora um novo blog, o loveolivro. Ele nasceu a partir da publicação do meu primeiro livro infantil, o Eu e você, aqui e lá! (WS Editor, 2010). Ali vou falar só sobre literatura infantil e juvenil, dando dicas de leituras para crianças e jovens, noticiando meus livros e trocando ideias sobre esse apaixonante universo literário.

O ..efêmeras letras.., embora caminhe a passos lentos nos últimos anos, seguirá vivo e, pretendo, também mais ativo.

Assim consigo separar (compartimentar?) minhas distintas "personas"...

Espero vocês, ocasionais leitores, também no loveolivro, ok?
Abraços.

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terça-feira, 1 de março de 2011

Adeus












Moacyr Scliar deixou-nos no último domingo, 27 de fevereiro.
Porto Alegre desde então parece mais cinza.

As ..efêmeras letras.., em luto, silenciam. Têm desejo de recolhimento.
Convidam a ler a bela Crônica de Adeus, escrita com delicadeza e emoção por Caio Riter.

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