quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Reminiscências de Escola


O Reminiscências de Escola, projeto inovador de livro colaborativo, coordenado por Joca Oeiras, reúne 40 crônicas de 25 autores, de 12 diferentes Estados e 19 diferentes cidades brasileiras, compondo um precioso mosaico de lembranças dos tempos de escola que retratam distintas realidades escolares de nosso País ao longo de décadas.

Tenho enorme alegria e satisfação de fazer parte deste grupo especial de autores.
Um grupo de sonhadores, de gente que acredita na escola. E que acredita que recordar nossas vivências escolares é não apenas um exercício (fascinante e ao mesmo tempo perturbador) de voltar a enxergar com olhos de criança, mas também e talvez sobretudo um modo fundamental de REPENSAR A ESCOLA.

Relembrar a escola é repensá-la, é construir pontes entre as heranças do passado, o nosso tempo presentee as expectativas para o futuro. Que futuro queremos para a escola no Brasil? Será que uma das chaves para a resposta não poderia estar no pensar o caleidoscópio formado por nossas inúmeras e tão distintas realidades escolares?

O grupo busca patrocinadores e editoras interessadas na viabilização da publicação impressa deste belo e inovador projeto. Sim, embora o projeto tenha fecundado e crescido em bases virtuais, no seio do Overmundo, sonhamos com o papel, seu cheiro, seu toque, seu irresistível fascínio, de modo a transmitir da melhor maneira possível nossas recordações agridoces (às vezes açucaradas, por vezes amargas de fazer careta) dos inesquecíveis tempos de escola.

Para quem se interessar possa, aqui vão alguns links que explicam o projeto, bem como valiosas manifestações de apoio recebidas:

http://www.overmundo.com.br/banco/pela-publicacao-do-livro-reminiscencias-da-escola

http://www.overmundo.com.br/forum/reminiscencias-da-escola-solidariedade-criativa-no-overmundo

http://www.overmundo.com.br/ banco/como- se-constroi- um-sonho

http://www.overmundo.com.br/banco/reminiscencias-da-escola-sim


Para ler minha crônica, Era uma vez um Jardim de Infância, acesse:

http://www.overmundo.com.br/overblog/era-uma-vez-um-jardim-de-infancia


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Livros ao mar

( Haley, Untitled, 2006. Open Photo)


Tempo de praia pode ser, mais do que nunca, tempo de bons livros. Nestes dias em que tudo é sol, brisa e mar, quando os ponteiros do relógio parecem reduzir seu ritmo e as horas avançam lentas e generosas, que prazer degustar palavras sem pressa, deixar-se seduzir por histórias, aventurar nossa imaginação por outros mundos através das páginas de um livro.

Outro dia peguei-me recordando algumas passadas leituras praianas. Na infância, ler “A casa das quatro luas”, de Josué Guimarães, na preguiça pós-almoço, enrolada na rede para proteger-me do vento. Divertir-me com Mario Quintana em “O batalhão das letras”, leitura a quatro olhos e duplas risadas com meu irmão mais velho. Mais tarde, levar para a areia “O mundo de Sofia”, de J. Gaarder, e “O estrangeiro”, de Camus, que aos 14 anos pouco entendi.

O embalo suave da rede a embalar a leitura. O livro na sacola rumo à beira-mar, indo da canga sobre a areia à sombra protetora do guarda-sol. Perder-se nos labirintos kafkianos, visitar a abadia medieval de “O nome da rosa” de Eco, estudar na Howgarts de Harry Potter, emocionar-se com as desventuras de um circo durante a Grande Depressão americana, no “Água para elefantes” de Sara Gruen. Viajar para outros tempos e lugares, partilhar dos sentimentos e dilemas dos personagens. E, ao interromper a leitura e erguer a vista ao mar, perceber o que nos rodeia: a areia morna sob os pés, as ondas que quebram à frente. A vida leve.

Ao retornar para nossa selva urbana, encontrar entre as páginas dos livros os vestígios do verão: um grão de areia, o milho verde saboreado junto à leitura, as orelhas que nos livros se formaram, de tanto que passaram de mãos em mãos – da tia para o pai, para a filha. São marcas de um verão de emoções compartilhadas: com quem amamos, com nossos amigos, e também um especial e singular compartilhar entre leitor e autor.


PUBLICADO NO JORNAL NH, EM 08/02/2008.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Digressão em tarde de verão

Sol diagonal na parede do quarto,
pelas frestas da veneziana
pinta harmônica geometria.

Dois, quatro, seis,
não sigo a conta,
a mente inquieta.

Pés preguiçosos
pesados ponderam:
reagir à inércia?

Pensamentos como flecha,
corpo cansado,
cria-se impasse.

Cada idéia fugidia
que me atravessa e já se esvai
são mais dois quilos numa perna

... são três cochilos nas mãos.

São olhos compridos
no esforço de contar
a geometria do sol.

Na parede do meu quarto.