terça-feira, 9 de outubro de 2007

Literatura para todos...somente com educação para todos

Sonhar (com os pés no chão) a difusão crescente da leitura e do amor pelo livro em nosso País exige o enfrentamento de um desafio fundamental: o constante desafio da educação e da alfabetização.

No último 8 de setembro, foi mundialmente celebrado o Dia Internacional pela Alfabetização, data instituída pela Unesco há quarenta anos, que ora vem reforçada pela instituição da Década da Alfabetização e Educação para Todos (2003-2012), que tem como principais objetivos a universalização da educação primária e a igualdade entre os gêneros na educação. No mundo, são 781 milhões de pessoas analfabetas, sendo que destes, 64% são mulheres (veja-se www.unesco.org.br/areas/educacao).

No Brasil, conforme dados de 2004, 12% da população com idade maior de 9 anos é analfabeta, totalizando 15,2 milhões de pessoas, sendo 1 milhão os jovens analfabetos entre 15 e 24 anos.

Para além desses números, há que se enfrentar ainda o chamado analfabetismo funcional, que apresenta altos índices em nosso País. Segundo o IBGE, a média nacional fica em torno de 27%: todavia, o instituto utiliza como critério para a aferição do analfabetismo funcional simplesmente ter-se menos de 4 anos de escolaridade, o que parece não contribuir de modo adequado para a compreensão da real situação do analfabetismo (total ou funcional) no Brasil.

Buscando fornecer informações qualificadas sobre a habilidade para a leitura, a escrita e a matemática da população brasileira entre 15 e 64 anos, de modo a melhor situar sociedade e governo e dar subsídios mais concretos ao estabelecimento de iniciativas e políticas públicas, as ONGs Instituto Paulo Montenegro (http://www.ipm.org.br/) e Ação Educativa (http://www.acaoeducativa.org.br/) desenvolveram o INAF - Índice Nacional de Alfabetismo Funcional, o qual compreende 3 níveis: alfabetismo rudimentar, básico e pleno. Interessante referir os percentuais relativos à habilidade para a leitura (2005): 7% de analfabetismo, 30% de alfabetismo rudimentar, 38% de alfabetismo básico, e apenas 26% de alfabetismo pleno. De acordo com o INAF, assim, conclui-se que cerca de 70% da população brasileira entre 15 e 64 anos não possui uma capacidade satisfatória de compreensão de um texto escrito... o que dirá da possibilidade de compreensão de uma obra literária, compreensão que permita ao indivíduo refletir sobre o que leu, dar asas à imaginação a partir do texto escrito e enriquecer seu mundo com as descrições, as cenas, as situações, os diálogos, os pensamentos e os devaneios contidos num livro.

No contexto brasileiro, assim, diante dos altos índices de total analfabetismo e de alfabetização precária ou insuficiente, revela-se a importância fundamental dos programas governativos e das iniciativas da sociedade civil de alfabetização de jovens e adultos. Alfabetização, contudo, que deve ser continuada, para que seja possível superar-se o nível rudimentar, e quem sabe mesmo o básico, e chegar-se ao alfabetismo pleno. Nesta direção, evidenciam-se como relevantes e muito bem-vindas iniciativas tais como a divulgada em nossa postagem precedente (Concurso Literatura para Todos), que estimulam um tipo de produção literária especial, voltada àqueles leitores que iniciam sua aventura pelo mundo das letras, que desejam seguir evoluindo no domínio da palavra escrita e enriquecendo seu imaginário e seu mundo concreto com a magia e o conhecimento que a literatura nos proporciona.