segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Foste

Foste,
deixando teu nome ecoando em meu ser,
marejando meus olhos,
Sophia.

Foste,
deixando no ar delicado perfume,
vestígio de roupas antigas, coisas vividas,
que vem visitar minha memória.

Foste,
deixando a presença da tua pele macia,
teu colo, abraço, tamanho aconchego,
onde me esconder do medo.

Foste,
deixando a lembrança da noite distante,
de bobos assombros no escuro do quarto,
só pude dormir quando sentaste ao meu lado.

Foste,
deixando a inútil vontade vazia
de um reencontro, saber como seria,
tudo o que agora não posso.

Foste,
deixando forte em mim o desejo
de conhecer o que foi esta vida,
que hoje assim tão discreta se finda.

Foste, Sophia,
para mim doçura e encanto,
e só o que acalenta meu pranto
é tua secular travessia.

8 comentários:

Anônimo disse...

Logo na minha primeira visita leio sobre despedida. Surpreendeu-me ler seu perfil. Fiquei curioso para saber mais sobre o que trata em seu livro. Mora em Porto Alegre? Beijos e obrigado pelo comentário no Overmundo.

Letícia Möller disse...

Olá Luiz,

agradeço pela visita e pelo interesse.
Esta poesia foi uma das pouquíssimas que escrevi (talvez a segunda), pois não me sinto segura. Prefiro ficar na minha prosa, que eventualmente pode até ganhar sopros poéticos – bom quando acontece...
Sou de Porto Alegre, mas hoje eu e meu marido moramos na Itália, onde desenvolvemos nosso doutorado.
Com relação ao livro, ele é o resultado de minha dissertação de mestrado, escrita em 2004 e publicada neste ano. Abordo a situação dos pacientes terminais, e sustento o direito destes pacientes a definir para si próprios (com base em sua cultura, valores, crença ou convicção moral) em que consiste morrer com dignidade, sem sofrerem a imposição de visões morais particulares sobre como passar pelo período final de suas vidas. Assim, compreendo os princípios da dignidade e da autonomia de forma necessariamente entrelaçada.
Se tiveres um interesse especial neste assunto, terei muito prazer em trocarmos idéias.
Uma sinopse do livro, assim como a íntegra do sumário, pode ser acessada no site da Editora Juruá, www.jurua.com.br

Um abraço.

Renata Bomfim disse...

Cara Leticia, sou uma amante da poesia, portanto entre teus escritos, escolhi este para postar meu comentário.Toda partida subntende uma chegada a algum lugar, um vazio deixado, uma outra possibilidade, preeenchimentos, enfim, sua escrita é cheia de possibilidades, uma dela de encontro.
Sou de Vitória , ES, e faço meu mestrado na UFES em poesia portuguesa,m mais especificamente sobre a poeta Florebla Espanca.Muito me interssou saber da existência da bioética, o que é isso? pretendo fazer meu doutorado em educação ambiental...
Um forte abraços
parabéns pelo teu trabalho e pelo livro, eu trabalho como arteterapeuta clínica a 7 anos, tenho um consultório, e algum tempo no serviço publico, e sempre acreditei e defendi o direito dos pacientes (no meu caso dos esquisofrênicos)na luta antimanicomial...
abraços
renata

Letícia Möller disse...

Cara Renata,
descobri que temos afinidades, pois alguns dos temas aos quais pretendo me dedicar no futuro aproximam-se dos teus. Vou te enviar uma mensagem por e-mail, assim podemos conversar melhor.
Obrigada pela visita!
Beijos,
Leticia.

Anônimo disse...

Letícia,

esse poema me tocou de forma especial. Ele me falou de sentimentos muito familiares para o meu coração. Uma outra forma de dizer o que eu disse em "Almas Perfumadas", nas entrelinhas que talvez pouca gente acesse. Lindo. Sensível. Bela fotografia. Esse "tamanho aconchego, onde me esconder do medo" evoca memórias muito afetivas. Minhas. Presumo que quase de todo mundo. Parabéns!
Obrigada pela visita ao blog e pelo seu comentário. Volte outras vezes.

Um abraço,
Ana

Letícia Möller disse...

Querida Ana,
fico muito feliz em saber que meu poema te tocou de uma forma bonita, não triste, mas suscitando doces recordações afetivas.
Obrigada pela visita. Você também, volte sempre.
Um abraço e boa semana,
Letícia.

Anônimo disse...

Li a primeira vez este poema no Overmundo,e tenho o prazer de lê-lo novamente,é de uma beleza comovente,me encantei.Bjs.

Letícia Möller disse...

Obrigada, querida Linney:
tua leitura e opinião são sempre muito importantes para mim. Fico feliz que gostaste, ainda mais tendo eu me aventurado por novos caminhos que não os da prosa.
Beijos para ti.