( Haley, Untitled, 2006. Open Photo)
Outro dia peguei-me recordando algumas passadas leituras praianas. Na infância, ler “A casa das quatro luas”, de Josué Guimarães, na preguiça pós-almoço, enrolada na rede para proteger-me do vento. Divertir-me com Mario Quintana em “O batalhão das letras”, leitura a quatro olhos e duplas risadas com meu irmão mais velho. Mais tarde, levar para a areia “O mundo de Sofia”, de J. Gaarder, e “O estrangeiro”, de Camus, que aos 14 anos pouco entendi.
O embalo suave da rede a embalar a leitura. O livro na sacola rumo à beira-mar, indo da canga sobre a areia à sombra protetora do guarda-sol. Perder-se nos labirintos kafkianos, visitar a abadia medieval de “O nome da rosa” de Eco, estudar na Howgarts de Harry Potter, emocionar-se com as desventuras de um circo durante a Grande Depressão americana, no “Água para elefantes” de Sara Gruen. Viajar para outros tempos e lugares, partilhar dos sentimentos e dilemas dos personagens. E, ao interromper a leitura e erguer a vista ao mar, perceber o que nos rodeia: a areia morna sob os pés, as ondas que quebram à frente. A vida leve.
Ao retornar para nossa selva urbana, encontrar entre as páginas dos livros os vestígios do verão: um grão de areia, o milho verde saboreado junto à leitura, as orelhas que nos livros se formaram, de tanto que passaram de mãos em mãos – da tia para o pai, para a filha. São marcas de um verão de emoções compartilhadas: com quem amamos, com nossos amigos, e também um especial e singular compartilhar entre leitor e autor.
PUBLICADO NO JORNAL NH, EM 08/02/2008.
Tempo de praia pode ser, mais do que nunca, tempo de bons livros. Nestes dias em que tudo é sol, brisa e mar, quando os ponteiros do relógio parecem reduzir seu ritmo e as horas avançam lentas e generosas, que prazer degustar palavras sem pressa, deixar-se seduzir por histórias, aventurar nossa imaginação por outros mundos através das páginas de um livro.
Outro dia peguei-me recordando algumas passadas leituras praianas. Na infância, ler “A casa das quatro luas”, de Josué Guimarães, na preguiça pós-almoço, enrolada na rede para proteger-me do vento. Divertir-me com Mario Quintana em “O batalhão das letras”, leitura a quatro olhos e duplas risadas com meu irmão mais velho. Mais tarde, levar para a areia “O mundo de Sofia”, de J. Gaarder, e “O estrangeiro”, de Camus, que aos 14 anos pouco entendi.
O embalo suave da rede a embalar a leitura. O livro na sacola rumo à beira-mar, indo da canga sobre a areia à sombra protetora do guarda-sol. Perder-se nos labirintos kafkianos, visitar a abadia medieval de “O nome da rosa” de Eco, estudar na Howgarts de Harry Potter, emocionar-se com as desventuras de um circo durante a Grande Depressão americana, no “Água para elefantes” de Sara Gruen. Viajar para outros tempos e lugares, partilhar dos sentimentos e dilemas dos personagens. E, ao interromper a leitura e erguer a vista ao mar, perceber o que nos rodeia: a areia morna sob os pés, as ondas que quebram à frente. A vida leve.
Ao retornar para nossa selva urbana, encontrar entre as páginas dos livros os vestígios do verão: um grão de areia, o milho verde saboreado junto à leitura, as orelhas que nos livros se formaram, de tanto que passaram de mãos em mãos – da tia para o pai, para a filha. São marcas de um verão de emoções compartilhadas: com quem amamos, com nossos amigos, e também um especial e singular compartilhar entre leitor e autor.
PUBLICADO NO JORNAL NH, EM 08/02/2008.
Um comentário:
OI Leticia, adorei tua crônica. E verdade a leitura é uma companheira em todas as situações, nos transportando para outros lugares, tempos, mundos, nos arrancando muitas vezes do tédio da espera.
Um abração
re
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