Teresa de Ávila ou Teresa de Jesus, foi uma religiosa e escritora espanhola, uma das grandes personalidades místicas de todos os tempos. Considerada um dos grandes gênios que a humanidade já produziu. Mesmo ateus e livres-pensadores são obrigados a enaltecer sua arguta inteligência, a força persuasiva de seus argumentos, seu estilo vivo e atraente e seu profundo bom senso.
Difícil explicar em palavras as emoções que brotam diante da sua poesia, aliás, também como a poesia do seu "irmão" São João da Cruz, ambos figuras preponderantes do “siglo de oro” da poesia espanhola e da nossa cultura, independentemente da religião. É venerada como Padroeira dos Poetas e comemorada no dia 15 de outubro.
De personalidade ao mesmo tempo ingênua e sutil, mansa e combativa, usando uma linguagem popular, cheia de graça e de doçura, com um coração que nunca deixou de bater humanamente, apesar de abrasado de amor divino. Difícil escrever sobre essa fome de absoluto que atormentou Teresa, que enfrentava com desencanto o vazio da eternidade, numa espécie de êxtase às avessas...
VERSOS NACIDOS AL FUEGO DEL AMOR
Vivo sin vivir en mí,
y de tal manera espero,
que muero porque no muero.
Vivo ya fuera de mí
después que muero de amor;
porque vivo en el Señor,
que me quiso para sí;
cuando el corazón le di
puse en él este letrero:
que muero porque no muero.
(Teresa de Ávila)
Fiz este poema depois de ler Teresa de Ávila:
Nada...
Chove outra vez
Em mim
Outra vez se faz noite
Mais uma vez me quedo
Diante do meu nada...
Sombra
Mais uma vez
Sou sombra
Mais uma vez sozinha
As minhas mãos vazias
Dor
Choro outra vez
Na noite
A noite me devora
A noite dói em mim
Cansei
Não posso mais
Quero voltar atrás
Mas lá não há mais nada
Na minha frente
Nada...
Bate
Meu coração inquieto
Meu coração não sabe
Que ele anda sozinho
Meu coração não sabe
Que também não é nada...
Olho
Meus olhos no espelho
Pensam que brilham
Os meus olhos não sabem
Que não há brilho
Quando a alma se esconde
E não reflete nada...
Noite
Não há ninguém lá fora
E aqui dentro nada
Os meus olhos cansados
A minha alma aflita
Tremo de medo e frio
Os meus olhos vazios
Diante do meu nada...
Vida
Por que não foi...
Vida
Por que não é...
Vida
Por não volta...
Vida
Por que é nada?!
(Nydia Bonetti)
Uma singela homenagem à Padroeira dos Poetas. Que ela interceda por todas as mulheres e todos os poetas!
Campinas/SP. Engenheira Civil por profissão, escrevo poemas como uma forma de amenizar a dureza do concreto e do aço e a exatidão dos traços e das fórmulas com que convivo diariamente, com o lirismo e a doçura das palavras perseguidos pelos poetas...
Por que me fiz assim,
milhas de quem
perto de mim?
Ah... Se não fosse a poesia,
meu único contato
com este mundo distante,
que jamais consegui alcançar...
(Nydia Bonetti)
nydiabonetti@bol.com.br
http://www.overmundo.com.br/perfis/nydia-bonetti
8 comentários:
Leticia
Não conhecia esta imagem de Teresa escrevendo... Muito linda! Me emocionou.
Obrigada.
Beijo.
Letícia
Encontar entre as mulheres Teresa D'Ávila e sua estória de luta, juntamente com versos, vãos, caminhos de amor, de Nydia Bonetti, poeta primorosa que sempre edifica a literatura e o maior dos sentimentos:amor. Parabéns a nós todas. Emocionda ,
um beijo.
Nydia,
também gostei muito desta imagem, pois alia à posição de religiosa aquela de escritora e poeta.
Por descuido meu, havia ficado de fora a bela poesia que fizeste inspirada pela obra de Teresa de Ávila. Agora já está devidamente publicada, acompanhando a tua homenagem.
Um beijo,
Letícia.
Nydia, letícia, Teresa de ávila é, com justiça, a mãe dos poetas.
Eu gosto demais da poesia dela, pormuitos considerada meio sacrílega.
Bobagens religiosas, claro.
A pungência dos versos, a paixão intensa (não necessariamente sexual) são muito emocionantes.
Obrigada por este belo post e pelos poemas maravilhosos, de ambas as poetas.
beijos
Voltei para comentar novamente (rsss...).
Nydia, Letícia, eu sou apaixonada por Teresa de Ávila e Nydia encantou-me com seu poema inspirado nela.
Achei em meus guardados (e bagunçados) parte de um poema em que ela descreve o êxtase e vim trazer, apesar de achar que vocês já conhecem.
"«Ao meu lado esquerdo apareceu um anjo em forma corporal. Não era alto mas baixo e muito belo. E a sua face estava tão afogueada (…). Vi na sua mão um longo dardo de ouro, na ponta do qual julguei ver uma pequena chama. Pareceu-me que o fazia entrar de tempos a tempos no meu coração e que ele me perfurava até ao fundo das entranhas; quando o retirava, parecia-me que as arrancava também e me deixava toda abrasada com um grande amor de Deus. A dor era tão grande que me fazia gemer e, no entanto, a doçura desta dor excessiva era tal, que era impossível querer vê-la terminada, e a alma já não se contentava senão com Deus. A dor não era física, mas espiritual, se bem que o corpo aí tivesse a sua parte. Era uma tão doce carícia de amor entre a alma e Deus (…)".
É maravilhoso e inquietante. Eu adoro.
beijos
Inquietante, Saramar...
Inquietante...
Também me impressiona muito a intensidade das palavras de Teresa!
Divinamente humana...
Beijo!
Cara Nydia,
Eu também acho que nao foi "mera coincidencia" a escolha das nossas homenageadas! Mas o que eu gosto de transparecer é a humanidade de cada uma das nossas mulheres, independentemente de crenças e filosofias. Assim, nos mostramos a nòs mesmas, na riqueza do cotidiano, na simplicidade de "ser". E agradeço novamente a Leticia por nos fazer este maravilhoso convite!
Beijos,
Cris
Cristiane
Você tem toda razão. O que fez delas Grandes Mulheres, foi o lado humano... Tão humano, que chega a ser divino...
Também agradeço Letícia por este espaço tão especial.
Beijos,
Nydia
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